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Biblioteca

NÃO EXISTE POUQUINHO (2024)

Resumo
Este trabalho tem como ponto de partida a experiência da caminhada como prática estética (Careri, 2013). A caminhada funcionou como ativação de uma experiência de alteridade radical com o mundo principalmente a partir de suas ruínas. O procedimento do esgotamento assim como o conceito de “niilismo revolucionário”, de Walter Benjamin, foram as molas propulsoras para uma investigação acerca daquilo que escapa às margens do mundo e promove a experiência de alteridade radical. A metodologia do trabalho consistiu em caminhadas e seus registros – escrita, desenho, fotografia, coleta – e a elaboração de um material artístico e outro teórico-crítico. A investigação levou-me a afirmar que as margens do mundo estão no “entre”, justamente naquilo que escapa à tentativa de uma narrativa totalizante e que, portanto, a recusa da significação é um ato de resistência.

Palavras-chave: esgotamento, experiência, margem, niilismo revolucionário, ruínas.

Da impotência à impossibilidade: a escrita do objeto a na pornografia de Hilda Hilst (2013)

Resumo
Na década de 1990, Hilda Hilst anuncia que abandonaria a literatura séria e passaria a escrever pornografia para ganhar dinheiro e leitores. Porém, desde a década de 1970, há em seu discurso, uma tensão declarada entre o que ela escreve e o que ela diz editores e leitores gostariam que ela escrevesse. A hipótese deste trabalho – a partir da perspectiva da psicanálise lacaniana – é que nesse discurso está em questão a tentativa – sempre impossível – de satisfazer a demanda do Outro, pois se fica na impotência diante dessa demanda. Tal discurso permeia a obra de Hilda Hilst, tanto que seu primeiro conto em prosa, “Fluxo”, tem a escrita como tema e, como que em consonância com seu discurso, o personagem Ruiska, escritor, também fica na impotência diante da demanda do Outro. Diante do impasse entre escrever o que gostaria e o que o editor exige, Ruiska sucumbe e enlouquece. Quando anuncia que passaria a escrever pornografia, Hilda Hilst parece ter cedido aos apelos dos editores e iria oferecer o objeto-visado, objeto de demanda. Diversos aspectos da pornografia fazem com que ela opere pela via do sentido, levando a um gozo do sentido e, portanto, ficando no nível da demanda. Contudo, Hilda Hilst, em O caderno rosa de Lori Lamby, subverte os procedimentos usuais da pornografia que a levariam a operar pela via do sentido, fazendo com que sua escrita pornográfica opere pela via do gozo fora-do-sentido, efetuando uma borda para o real, passando da impotência para a impossibilidade e possibilitando que se articule algo do desejo. Assim, discute-se neste trabalho o modo como a pornografia de Hilda Hilst passa a funcionar como um objeto a anal, dupla-face, que parece ter o brilho do agalma, mas que na verdade é o lixo.

Palavras Chave: Hilda Hilst – escrita – pornografia – psicanálise.

 © 2025 Kátila Kormann Morel

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